Eu sou fã!
Festas Juninas estão entre os prazeres da infância que tento manter vivo no coração e na vida.
Quando criança, além da grande festa anual na escola, haviam nas ruas próximas da minha casa, na Igreja e em alguns parques. Na era pré internet olhava nos cartazes espalhados pela cidade, no jornal e trocava informações com amigos, mas dava um jeito de estar em pelo menos três delas, sempre. Amava uma que era restrita para vizinhos, mas para a qual era convidada anualmente, e que contava inclusive com uma imensa fogueira montada como nos filmes, na rua Leão XIII (ali na Cidade Baixa, em POA).
Durante semanas éramos encarregados na escola de cortar bandeirolas, produzir balões lindíssimos de folhas coloridas de papel seda (acredito que ainda saiba fazer), pintar painéis, ensaiar apresentações que eram feitas em grande estilo e montar uma infinidade de cones de folhas de revista, onde eram acondicionados pinhões e pipocas quentes, na tarde fria de São João.
Minha mãe passou um tanto dessa paixão, pois além de me levar nas festas da redondeza, ela fazia "provinhas" nas noites que antecediam aos Dias dos Santos - nas noites frias de inverno, perto da meia noite, lá íamos nós para o jardim com pratos, bacias, papéis, canetas e cabeças de alho repetir o que minha vó fazia com ela. Na infância de minha mãe, meu avô fazia fogueiras na fazenda para confraternizar em família. Provinhas e simpatias para amores, dinheiro e boa sorte. Na verdade? Só pela diversão e gargalhadas.
A paixão permaneceu, enquanto as festas em Porto Alegre foram rareando, perdendo muito de sua essência e graça. Sempre garimpo alguma, normalmente a de Santo Antônio no dia 13, nem que seja para tomar um tanto de quentão e comer pinhões.
Repito que irei para Campina Grande ver a Festa, as quadrilhas e descobrir os encantos das festas nordestinas, mas ainda não consegui encaixar. Entretanto, há alguns anos, redescobri o prazer das festas juninas em Brasilia, onde o calendário é farto, variado e ocorre ao longo de muitos finais de semana.
No primeiro junho em BSB eu procurei no google qual teria no final de semana em que lá estaríamos e haviam várias agendadas. Sem conhecer ninguém para perguntar achei que a do clube seria melhor do nas paróquias e lá fomos para o Clube Nipo. Vocês já foram numa Festa Junina Japonesa? Contei nossa experiência nesse post.
Depois daquela experiência em 2011 repetimos anualmente, menos em 2015. Abandonamos o Clube Nipo e adotamos a Festa da Paróquia de Santo Antonio.
A Festa é montada na área de esportes da escola, ao lado da Paróquia. Primeiro dou uma passadinha na Capela da Santíssima Trindade (linda, numa daquelas construções tipicas de Brasilia, com poltronas confortáveis onde sentar e meditar por alguns minutos) e, antes de ir onde os cordões de bandeiras coloridas me guiam, acendo velinhas em agradecimento por viver momentos tão deliciosos. Depois? Para onde as bandeirolas e a multidão me levarem.
Nesse mês fomos duas vezes, no sábado e domingo. Arrastamos, inclusive, alguns amigos queridos. A Camila, a Anna e o Diego nos acompanharam na noite mais que agradável.
Curto tudo na Festa de Santo Antônio, inclusive a organização. Primeiro os ingressos, ao custo individual de R$ 7,00 (sete reais) na bilheteria. Depois que se entra na área privativa, onde estão montadas muitas barracas, toldos e palco para os shows a minha primeira atitude é sempre a de ir ao caixa, comprar o que chamo de "dinheirinhos". Ao invés de comprar tickets para isso ou aquilo, você compra notinhas do tipo daquelas do antigo Banco Imobiliário e vai gastando de acordo com seus desejos gastronômicos.
Do ponto de vista alimentar, adaptações são necessárias. Não há pinhões fumegantes, canjica amarela ou pipocas quentinhas.
O que tinha naquelas banquinhas lindas e coloridas, então?
Para os esfomeados caldos, carreteiro, vatapá, bobó de camarão, churrasco e outros pratinhos bem servidos.
Somos adeptas de guloseimas, das porcarias, e partimos logo para um cachorro quente de escola (chamo assim aqueles com pão, molho, salsicha e boas lembranças), canjica branca com coco, copinhos de quentão (sim, nessa festa eles servem quentão, além de cachaça e vinho quente) e uma pipoquinha nem tão quente para arrematar.
Claro que no segundo dia variamos o cardápio e fomos apenas de caldo quente, quentão (num calor de 32 graus, sim) e maça do amor, para adoçar um pouco a vida.
Mesmo considerando que não possamos ser felizes o tempo todo, podemos e devemos ser felizes muitas e muitas vezes. Brasilia com seu céu azul, sol radiante, comida mineira, amigos queridos e festas juninas me fez, em muitos momentos, muito feliz.
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