Cartagena das Índias, um encanto até no nome!

Cartagena, a cidade que me recebeu colorida e cheia de calores, amores! 

Fui surpreendida por um por do sol vibrante, de cores tão intensas e brilhantes como jamais havia visto. Combina, o sol combina com as cores fortes e sabores intensos daquela terra, garanto. 

Comecei a pensar em escrever sobre ela e percebi que, apesar dos museus e outras atrações, o encanto está nas ruas, naquilo que podemos explorar caminhando, nos vãos por onde nossos olhos se embretam e se permitem encantar. 

Sob o sol da Colômbia varei dias a cruzar ruas, a andar, me perder e, especialmente, me encantar. 

Nas noites de céu muito azul, aproveitei para caminhar com a brisa suave a refrescar, curtindo as luzes e as praças, nas mesas dos bares que ganham as ruas e nos permitem sentar e ver a vida passar, lentamente. 

Dias e noites, por onze dias. Sabem que ficaria mais, muito mais?! 

Cartagena é para quem curte andar, se misturar ao povo, não tem medo do sol que queima a pele e ilumina graciosamente as ruas centenárias. 

É para quem deixa que as cores façam versos, para quem gosta de borboletas no ar e na alma!!! 

Apaixonada por arquitetura encontrei na cidade litorânea um conjunto de valor inestimável, vivo, habitado e cuidado por seus moradores. É um livro de história que pulsa, surpreende e permite aos sentidos vivê-lo. 

Em 11 Km² de muralhas se encerra uma jóia da colonização espanhola nas Américas. Fundada em 1533 para ser a sede do Império Espanhol nas colônias americanas, foi fortificada para ser a residência oficial dos vices-reis espanhóis. 

A Cidade Fortificada ou Amurallada, como chamam, foi construída num ponto estratégico da península, junto a Baía de Cartagena, como última defesa junto ao continente. Ali, na saída da baía para o alto-mar, outras duas fortificações foram construídas para proteger as bases do domínio espanhol, fortes de San Fernando e San Jose. 

Os espanhóis se estabeleceram e guarneceram sua base no intuito de servir de abrigo para as frotas que traziam homens e mantimentos e que levavam, ao partir, toda a sorte de metais e pedras preciosas roubadas das ricas tribos que habitavam o México e o Perú, especialmente. Com o passar dos anos serviu de base para os navios negreiros, que traziam escravos da Guiné. Enquanto isso o povo foi se estabelecendo e a cidade cresceu e floresceu. 

Para que todos os esforços de conquista e usurpação de riquezas pudessem ter sucesso, se fez necessário erigir as muralhas que hoje tanto nos encantam, para proteger os colonizadores dos índios, bravos e muito temidos, que habitavam a região. Temendo ainda o ataque de esquadras de piratas e corsários franceses e ingleses, com os quais viriam a travar sangrentas e históricas batalhas, fortificaram não apenas a baía, junto ao continente, mas sua saída para o alto-mar, formando uma espécie de ferradura. A abertura de tal ferradura, voltada para o mar das Antilhas, fazia com que quaisquer navios necessitassem vencer as defesas espanholas, abrigadas em duas fortificações nas extremidades da costa - nas pontas da ferradura. Se, ainda assim, vencessem tais defesas, encontrariam a cidade murada e o mais imponente forte construído fora das fronteiras européias. 

Cartagena é a cidade mais associada aos piratas e corsários na história da navegação. 

Toda essa estrutura se encontra absolutamente preservada e habitada, tendo sido reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade, pela Unesco, em 1984. 

Poderia falar da cidade nova, moderna e tomada de arranha-céus que encontramos fora dos limites das muralhas? Da importância para a industria petrolífera e de fertilizantes? Poderia, mas não foi essa que formos conhecer. Queríamos uma viagem na história e encontramos todos os elementos absolutamente preservados para isso. 

E o que tem na Ciudad Amurallada que tanto me encantou? Cores e flores, balcões entalhados em madeira de lei, portas de origem espanhola e muitas, muitas e lindas aldravas. 

Balcões centenários, com as marcas e a beleza que só o tempo proporcionam. 

O prazer esteve em desbravar as ruas, passar e repassar, fotografar.

E as janelas? 

Fiz um álbum só de aldravas, para somar com as que tenho do mundo!

E os perfumes? Das frutas descascadas nas esquinas e vendidas para serem consumidas sem frescuras. Das melancias, melões e mamões, até das physalis gigantes (azedinhas, bem ao meu gosto).  

Um povo simples, de hábitos pitorescos, que estão sempre com um sorriso aberto e com algo para nos surpreender. Que tal um peixe fresquinho e limpo na hora? Todos os dias, pela manhã, na mesma calçada. 

Que acham de contar com um despachante, que preenche documentos, formulários e faz sua declaração de renda??? Hahahahaaa!!!! 

O artesanato. Ah, o artesanato!!! De muitas cores, como não poderia deixar de ser, claro! 

Sempre carregamos algum arrependimento, não? O meu foi ter deixado essa pintura belíssima. Acho que precisarei retornar! 

Encontramos uma cidade iluminada, repleta de  luzes de Natal, com praças bem cuidadas e muito seguras. Em festa, nos feriados de réveillon. 

Preparada para o turismo, com uma frota razoável de táxis, bons hotéis, restaurantes e muitos e alegres bares. Convida para a alegria, para festejar. 

Se sinta convidado por ela e vá!