Passeando no sonho: Brasilia!




Já narrei em prosa e verso a paixão por Brasilia, da forma como ela chegou na minha vida pelo olhar apaixonado de Naiá e de como a vida me cobrou pedágio em anos até que pudesse abraçá-la. Os encontros se sucederam, assim como as descobertas daqueles recantos de charme que encontramos ao dobrar uma esquina. 




Curto a cidade em todas as estações, com os gramados verdes ou quando estão secos, mas os ipês floridos. A cidade das cores e amores, da paixão em realizar, dos sonhos. 

Nesse ano já estive por lá duas vezes, mas foi em abril que tivemos a oportunidade de fazer um passeio guiado pela Super Quadra Modelo, um oferecimento da empresa Experimente Brasilia para os participantes do #EncontroBSB. O Superquadra Experience explora todos os sentidos da 308 Sul, a Quadra Modelo. 



Não eram caminhos novos para mim, já havia passeado por ali e confrontado os sentidos daqueles espaços, mas a visita guiada me proporcionou um olhar complementar e novos nuances históricos. 


Projetada por Lúcio Costa, com prédios de Oscar Niemeyer, obras de Athos Bulcão e intervenções de Burle Marx, a super quadra nos proporciona uma visão mais intima dos benefícios de uma cidade projetada para o bem viver. 



Na maioria das cidades primeiro chegam os moradores, que as constroem. Em Brasilia essa ordem foi subvertida, a cidade foi construída para os moradores, de forma quase utópica e com estruturas e materiais combinados de forma absolutamente inovadora. 

O que forma esse conjunto para que eu o considere espetacular? Escolas, templos religiosos, biblioteca, clube de vizinhança, espaços culturais, áreas residenciais, comerciais e de lazer reunidas em conjuntos que, quando distribuídos e multiplicados, formam a cidade. 






As principais necessidades das famílias reunidas no entorno residencial, evitando deslocamentos desnecessários e proporcionando mais tempo para a convivência, tanto familiar como social. 



Os núcleos primários, que formam o Plano Piloto, tem algo utópico de igualar os desiguais, que é o que as leis buscam. Em Brasilia esse conceito foi retirado dos livros e ganhou as ruas. vemos isso no conceito empregado nas construções residenciais e das escolas. 



Cada núcleo urbano, unidade de vizinhança - super quadra, foi projetada para contar com pelo menos uma escola de educação infantil, uma escola classe (regular) e uma escola parque. Assim os filhos dos moradores, como também o de seus funcionários, teriam os dias ocupados por atividades educacionais, numa aglutinação de classes sociais, num compartilhamento de experiências, culturas e na socialização dos espaços públicos.  



O que melhor perfectibiliza esse conceito igualitário é a  Escola Parque, idealizada de acordo com a filosofia sustentada por Anísio Teixeira, do ser integral - por ela uma sociedade somente evolui quando seus cidadãos recebem uma formação que agregue o racional e o emocional, num desenvolvimento completo de suas potencialidades. Se num turno a Escola Tradicional busca desenvolver as potencialidades racionais, através do ensino do conhecimento tradicional, no turno inverso se trabalham as potencialidades emocionais e artísticas na Escola Parque, privilegiando a integração social e desenvolvimento cultural da população. 



Como as famílias, que de forma pioneira habitaram esses espaços, foram recebidas? Em edifícios residenciais onde as técnicas construtivas empregadas buscaram proporcionar um ambiente salubre, agradável e sustentável. Edifícios projetados de forma moderna e com elementos combinados de forma inovadora. 



Se por um lado os edifícios residenciais possuem muitas janelas e fachadas envidraçadas, os jardins de Burle Marx receberam árvores robustas, altas e com copas exuberantes - essas copas proporcionariam sombra para os passantes, além de frescor e privacidade para as residencias, quebrando a linha de visão de um bloco em relação ao outro. 



Nesse mesmo contexto de salubridade foram utilizados os Cobogós, dando segurança para as residências através do uso de um elemento decorativo e, mais que isso, proporcionam privacidade e um arejamento natural dos imóveis. Mais que tudo? São lindos! 



O cerrado me encanta por proporcionar uma visão que vai de onde se está ao infinito, ao horizonte, aonde nossa imaginação permitir que cheguemos. E como aproveitar isso num núcleo urbano? Suspendendo as construções, permitindo que os olhos atravessassem as barreiras construtivas através do uso de Pilotis. De um lado ao outro, uma visão alargada e a manutenção dos espaços públicos livres para a circulação da população. Se as unidades residenciais são privadas, a área sob os pilotis é pública e ali a população pode, inclusive, se reunir livremente. 





A Igrejinha é emblemática e de uma beleza delicada. Já falei sobre ela aqui



Nela temos azulejos azuis de Athos Bulcão, mas nem todos os que vemos espalhados pelas áreas são do artista. Para identificá-los é preciso conhecer as bases de seu trabalho e reconhecer no que vemos seu traço. 




Na creche temos um trabalho diferente, sem vitrificação, identificando um trabalho inacabado como as crianças em formação. 




O conceito de residência deixa as quatro paredes e se prolonga pela rua, pelos bancos que permitem o repouso, a meditação, uma leitura ou a troca de experiências entre as pessoas. 





Poderia passar horas discorrendo sobre minha paixão pelos elementos construtivos utilizados ali, todos de forma pensada e dentro de uma organização inovadora, mas vou encerrar com as Alamedas e Jardins, de Burle Marx. 



Se na Explanada dos Ministérios e em tantos outros cantos da cidade Oscar Niemeyer reina absoluto com o branco do concreto armado, aqui são as cores eternizadas por Burle Marx que ditam o ritmo dos dias. 




Árvores, folhagens, flores e espelhos d'água utilizados para se manterem, de forma perene, como integrantes do conjunto construtivo. Para mim nada resumiu melhor o conjunto da Quadra Modelo do que esse belíssimo espelho d'água costurando as construções que orbitam em seu entorno. 






Informações: 

O Superquadra Experience foi oferecido pela empresa, sem qualquer custo, para os blogueiros que participaram do #EncontroBSB (abril/2015). Informações sobre programação e custos podem ser encontradas aqui




6 comentários

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    1. Obrigada, Clara. Não me canso de sua cidade, mais fácil ela se cansar de mim. BjO!

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  2. Post lindo Psula! Ai que saudades do Encontro BsB... E do Tchê.. Bjs

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    1. O bom dos encontros é interagir com os amigos, né? Melhor ainda quando as amizades saídas da tela funcionam, apaixonam. Foram oportunidades deliciosas de viver com pessoas especiais! BjO!!

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  3. Show de texto, Paula! Enquanto o lia até passou por alguns segundos, apenas alguns segundos, minha antipatia por Brasilia! rssssss

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    1. Sério?? Hahahahaaa!!!! Tenho uma história muito cheia de paixão com a cidade. BjO!!

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