Blogagem Coletiva: dos Sonhos e Realizações de 2014.

Somos tantos blogueiros de viagens, tantos apaixonados e, aos poucos, os caminhos se cruzam, percebemos afinidades, pessoas ganham voz, alguns se tornam amigos. Pois é, o mundo virtual aproxima, transforma @s em amigos, queridos. Assim surgiu o projeto #eucurto, idéia da Ana Luiza do Pelo Mundo Blog e, em poucos dias, a turma estava reunida. 

O grupo foi formado para a troca de experiências, vivências, local onde buscamos auxilio na hora da dúvida, onde discutimos angústias e anseios dessa vida de blogueiro. O resultado da interação são as dicas que oferecemos semanalmente ao público, aos nossos seguidores nas redes sociais - dentro de um esquema de rodizio entre blogs, quando escolhemos uma postagem que tenha nos interessado e divulgamos. Tem sido gostoso, a turma é ótima. 

Para fecharmos o #eucurto 2014 optamos por uma Blogagem Coletiva, para falarmos de sonhos e realizações viajantes. Então, esse post é dedicado aos meus queridos companheiros do projeto que, sonhadores como eu, dedicam parte de seu tempo a contar histórias. 

___________________ 

"Era uma vez... 

Sempre que falo de sonhos lembro da clássica frase dos Contos de Fadas, mas na  minha vida prefiro sempre o "será", pois estou sempre pronta para o "que virá". Mas recordar me faz melhor, vencedora ou perdedora, mas sempre uma sonhadora. E as viagens, para mim, são como sonhos. 

A vida nem sempre permite grandes realizações, mas quando me digo uma viajante sonhadora, o faço pois sair, ainda que pertinho, será sempre uma realização. Durante os anos que não pude voar eu sentia um prazer indescritível cada vez que colocava o carro para rodar pelas estradas, o "é muito longe" jamais existiu. Viajar é como trocar de casca, sempre retorno outra. 

Depois de um ano bastante complicado, desejei um 2014 melhor, com novos caminhos, com muita Luz - veja aqui. Para tanto idealizei dois projetos: "Pelos Caminhos de Jorge" e "Primavera na Europa". Fora isso? Teria tempo para escapadelas, aqui e ali, poucos dias para dar cores à vida. 

Janeiro começou agitado - eu e meus roteiros doidos. Percorremos o "Pelos Caminhos de Jorge", de norte a sul da Bahia. Tirei dos livros de Jorge Amado as histórias e as distribui pelos caminhos do Mochilinha, enquanto conversávamos com as ondas. Foi um roteiro dos sonhos de infância, quando comecei a ler Jorge - busquei nas histórias de Tieta do Agreste, Terras do Sem Fim e Gabriela - Cravo e Canela, os caminhos que percorreríamos. Desejava encontrar histórias e personagens das sagas, estar nas dunas onde o vento levara a echarpe de Tieta, nas estradas onde as tocaias tiravam o sossego dos Badarós e tomar um refresco no bar do Nassif. Uni meu amor pelos livros, pelo mar e pelas estradas num roteiro de doze dias pela Bahia. 

Saímos de Salvador em direção ao norte, cortamos estradas e rios e chegamos na terra de Tieta - Mangue Seco. Não esperávamos muito, mas foi paixão. Curtimos, teríamos ficado muitos outros dias se fosse possível. A simplicidade do lugar, a simpatia de seus moradores, o pé na areia e a beleza natural que cerca todo o conjunto convida a permanência - contei aqui. Dalí para o Pelourinho e do Pelourinho para o sul. 

As estradas eram longas, mas rodamos com prazer, apontando aqui e ali uma parte daquelas histórias, imaginando o trabalho naquelas fazendas de cacau, já abandonadas. Ver de pertinho os secadores de cacau das novelas, perceber a simplicidade ainda existente por aquelas bandas, foi especial. Depois de muito rodar, de ver pela janela as paisagens irem se transformando, chegamos na terra dos Badarós, nas "Terras do Sem Fim" - estávamos em Ilhéus. Na Ilhéus que também foi de Gabriela, de Nassif, de Maria Machadão e de seu Bataclan. Lugar de belas praias, mas onde passamos dois dias entrando e saindo de prédios, fotografando as esquinas das histórias de Jorge. Contamos um pouco de nossas emoções aqui e aqui também. 

Roteiro realizado, era chegada a hora da segunda etapa dos Caminhos, agora a parte mundana, de deitar nas espreguiçadeiras, ao sol e deixar o tempo passar ao som das ondas. Foram dias maravilhosos nas areias de Trancoso.  

Mas as histórias de Jorge não existiriam sem as terras e mares de Salvador, sem o Pelourinho, sem suas ladeiras de pedra, sem aquele casario colorido e aquelas igrejas de tantos fiéis, de tanto sincretismo e arquitetura tão rara, tão bela. E foi ali que encontramos, efetivamente, Jorge - ele e sua Zélia, naquele casarão onde permanecem vivos, contando histórias, onde o "se for de paz, pode entrar" é um convite irresistível. A Fundação Casa de Jorge Amado é deliciosa. 

Os sonhos eram muitos, os dias poucos, mas tudo foi na medida da felicidade. Fazer o "Pelos Caminhos de Jorge" num janeiro de sol aberto e mar convidativo foi a realização de um sonho, de um dos meus tantos sonhos. 

Retornamos das férias cansadas, moídas, mas com o espirito alegre, a alma iluminada e com todo o gás para planejarmos o próximo roteiro. 

Não seria nossa primeira viagem para Europa, mas seria a primeira na Primavera. Desejava muito viajar em maio, mas compromissos nos impediram e fizeram com que fossemos em abril, quando ainda sopravam ares frescos e quando as cores apenas começavam a dar variados tons para as cidades. Meu desejo era percorrer Portugal, de sul a norte, parando em todos os cantinhos interessantes pelos caminhos. Mas o desejo da Ná, minha companheira de todas as aventuras, era de percorrer um pouco da terra de seus antepassados, de rodar pela Toscana. Cedi, não me arrependi, amei. Partimos para nosso roteiro pela "Primavera na Europa" - mesmo quando não nomino os roteiros no blog, dou nomes para eles nos meus projetos, quando os organizo. 

Partimos para Portugal num lindo 05 de abril, para passarmos poucas (mas proveitosas) horas em Lisboa, antes de seguirmos caminho. Pela primeira vez subi no Mirante - Arco da rua Augusta, mais um, de tantos desejos, realizado. Deixamos para trás minha cidade do coração e rumamos para Paris, um encontro a muito adiado. 

Paris foi para mim um momento de reflexão, quase um acerto de contas, um roteiro aberto. Não tracei caminhos, foi uma visita descompromissada, onde visitaríamos ou não as atrações na medida da vontade. Andamos muito, visitei meus impressionistas preferidos e fotografei aquelas ruas. Escrevi sobre ela, aqui e aqui. 

Meu único desejo naqueles dias parisienses era fugir por algumas horas, queria visitar Monet. Embora soubesse que a Fundação não me receberia no auge da floração, era um de meus muitos sonhos, talvez o mais forte deles no que se refere a França. Passamos horas maravilhosas por aqueles jardins, algo de uma inspiração para toda a Vida, jamais esquecerei. Não sei se consegui passar a emoção no texto, mas as fotos são lindas - aqui.  

De Paris para Veneza e para suas lindas ilhas - Murano e Burano. Quantas cores!! A partir de Veneza uma aventura pelas estradas e ferrovias italianas - Firenze, Pisa, Lucca, San Gimignano, Siena, Buonconvento, San Quirico, Montalcino, Montepulciano, Pienza, Monteriggioni, Colle di Val d'Elsa, Assisi e Roma, mais uma vez Roma! 

Jamais conseguirei explicar a paixão pelos caminhos italianos, pelas cidades muradas, pela arte e pela gente daquele país. Cores e luzes, paixão. Dias feitos para rodar e amar. Foi maravilhoso, sonhos realizados e outros plantados, novos roteiros imaginados, alguns reencontros já programados. Não conseguiria enumerar as preferidas, mas algumas cidades ganharam significados especiais, se destacaram. Firenze me chama, terei que retornar, claro. Burano foi daqueles lugares para ficar eternizado na memória, com suas cores, sua paz, seus canais - jamais a esquecerei. Lucca, vi tão pouco, faltaram pernas, quem sabe um dia não nos reencontramos? San Gimignano me encantou, parti feliz. Buonconvento foi daquelas surpresas das estradas, depois de um curva, aquele momento em que temos que nos permitir sair do roteiro e explorar, linda. Pienza, meu presente e um lugar que desejo, muito, reencontrar. Minha Roma, preciso dizer mais? Tenho muito que ver e amar na Itália, já sonho em retornar. Quem sabe em 2015? Ah, essas paixões... 

Por que sonhos devem ser grandes, difíceis? Podem estar tão perto, podem ser passar uma noite junto a lareira conversando com a pessoa amada, passear de braços dados por avenidas floridas ou apenas sentar num banco e ver a vida passar, ouvir os ruídos do mar. Torno meus dias mais fáceis sonhando, planejando e realizando. Não deu, faltou grana, perna, fôlego? Tudo bem, também. Realizei, agora vou em busca de novos sonhos, caminhos viáveis, estradas na minha medida. Mas tudo, afinal, são sonhos e realizações. 

Meu mantra na Vida, desde sempre, e que repetirei eternamente: "Quem não sonha, não realiza"! 

Para encerrar, indico que sigam meus companheiros do projeto #eucurto, uma turma antenada, "tri legal", sonhadores e apaixonados como eu: Pelo Mundo Blog, Dudu Afora, Projeto 101 Paises, Por ai Por aqui, Trippolis, Ziga da Zuca, Perdida no Japão, Mochilando por Aí, A Fragata Surprise, Guia Mundo Afora e Cariocando por Ai "! 

Boas Festas!!! 

Links para os demais posts da Blogagem Coletiva: 

Gabriela e Fabrício - "Projeto 101 Paises" 
Ana Luiza - "Pelo Mundo Blog"
Thais - "Guia Mundo Afora"
Natália - "Ziga da Zuca"
Dudu - "Dudu Afora"
Karla - "Cariocando Por Aí"
Tati - "Por Ai Por Aqui"