Sonhos em miniaturas: o Mini Mundo de Gramado.

Sempre que nos apaixonamos na verdade escolhemos alguém para amar, que nos faça sonhar. Há lugares que são assim, terras de sonhos, repletas de cores e encantos. Gramado, na Serra Gaúcha, vive de e para encantar aos visitantes e nesse final de semana visitamos atrações que são pura magia. 

Voltamos a ser crianças no Mini Mundo de Gramado. 

Lembram que falei em paixão? Da paixão de Otto e Ritta Höppner, um alemão e uma brasileira, nasceu a família que de sonho em sonho construiu um dos hotéis mais antigos e conhecidos na cidade de Gramado - o Hotel Ritta Höppner (1958). Após a chegada do filho e dos netos, Otto deu inicio a construção de miniaturas que ocuparam a área ao lado do hotel. Mas elas foram se multiplicando, o espaço ficou diminuto, quando pai e filho resolveram criar a pequena cidade de encantamento. Hoje já na quarta geração da família, seguem renovando o parque, além de terem o transformado numa das principais atrações da cidade. 

Nascia o Mini Mundo, uma cidade em miniatura ao ar livre, multiétnica, inspirada em construções espalhadas pelo mundo, mas todas exatamente 24 vezes menores que as originais. É um pequeno paraíso encantado, em escala, colorido e cheio de movimentos e sons. 

As pequenas construções estão dispostas em meio a lindos jardins floridos, com lagos, estações férreas, aeroporto, rio e uma população estimada, pelo último censo, em 2.183 moradores. Sim, a cidade é habitada, há pessoas, animais (as vacas mugindo ao serem carregadas no trem são lindas), trens, navios e muitos carros. 

Há um movimento constante, você se distraí e quando vê um lindo trem assobia, ao passar por você. 

As construções são fidedignas, apresentam os menores detalhes das construções originais. Ao longo do percurso existem placas contando a história das principais edificações, com uma foto original da inspiração e um pequeno relato, para que o visitante possa se localizar no mundo. 

É difícil escolher quais construções mais me encantaram, pois o conjunto é maravilhoso, uma viagem até a criança que há dentro de nós. Mas, em tendo de destacar uma, escolho a casa incendiada por sua minimoradora de 89 anos. Mas de que lugar do mundo veio essa simpática casinha? Não, essa é uma história da própria cidade em miniatura e de seus moradores: "sofrendo de sonambulismo, Dona Boló Tynha das Graças, ateou fogo em sua pensão por acidente". A água escorre da mangueira do bombeiro e as crianças enlouquecem (os adultos também, vá lá!). Essa e outras pequenas histórias, misturadas entre lindos monumentos arquitetônicos mundiais, ficam junto a placas em forma de "mãozinha" numeradas, sendo que o visitante acompanha as histórias no jornalzinho recebido das mãos do Limpador de Chaminés, logo que acessa o parque. 

Outra história encantadora é a do tumulto junto a entrada do Aeroporto de Bariloche. Novamente Dona Boló Tynha causa confusão na pequena cidade, pois "no intuito de visitar sua tia, exagerou na quantidade de malas e algumas acabaram por cair de sobre o táxi na pista de entrada do aero, congestionando o trânsito e precisando da solidariedade dos demais motoristas que empurraram o veículo até a porta". 

Essas pequenas histórias são contadas para impregnar o imaginário e permitir que se veja a minicidade como ruas de uma cidade normal, por onde andamos e partilhamos dos acontecimentos cotidianos. O envolvimento por momentos é tamanho, que quase esquecemos que tudo não passa de fantasia. 

Três edificações nacionais se mostram em todo seu esplendor na pequena cidade. Logo na entrada encontramos a Usina do Gasômetro, de Porto Alegre. Depois de uma caminhadinha, está lá a linda e colonial Igreja de São Francisco de Assis, de Ouro Preto. E fechando o parque, um parque: o Museu Paulista (Museu do Ipiranga) e seus jardins, de São Paulo. 

Como encantamento não tem fim, escolhi duas réplicas para mostrar, ambas de edificações alemãs. E o restante? Fica como um convite para um passeio por Gramado. Ok? 

Holstentor Lübeck (1464/1478) - Lübeck, Alemanha. Construção em estilo Gótico:

Castelo de Lichtenstein (1840/1842), Lichtenstein, Baden-Würtenberg, Alemanha. Construção em estilo Neo-Gótico, inspirado no romance "Lichtenstein, a Saga Romântica", de Hauff. 

Uma panorâmica para conheceres o parque, as linhas férreas e os serviços.

Há um café, onde em duas cristaleiras estão dispostos objetos pessoais de Otto e Ritta, um delicioso lugar para um descanso e um chocolate quente. Ainda uma pequena lanchonete, que estava vendendo muitos e muitos copos de quentão, além de uma loja de souvenires, com postais, brinquedos e lindos enfeites de Natal. 

O espaço parece tão pequeno para abrigar a minicidade, mas tudo está extremamente bem distribuído, com muito cuidado e espetacularmente bem conservado. Foi delicioso me deixar encantar. 

O Mini Mundo não é a única minicidade no mundo, claro. Mas está na lista das quatro mais bonitas, junto com Madurodam (Holanda), Museu de Artes de Queens (EUA) e France Miniature (França). 

E como chegar? Gramado é uma cidade pequena e muito bem sinalizada. Quem entra pela rodovia POA-Taquara logo avistará a placa e, após um retorno, chegará rapidamente ao parque. Para quem entra via Rota Romântica, basta ir em direção ao centro e, após, passar a seguir as indicações. Se perdeu? Abra o vidro e pergunte aos passantes, é seguro e aposto que receberás uma gentil e correta informação - o povo vive o turismo, gosta de participar. 

O endereço? Rua Horácio Cardoso, 291 - Gramado. Os ingressos custam R$ 20,00 para adultos, R$ 12,00 para crianças entre 2 e 12 anos (menores de 2 anos são isentos) e R$ 10,00 para pessoas acima de 60 anos.