O tempo passa rápido, enquanto o minuano sopra nas esquinas dessa Capital, surpreende quem dobra caminhos e vinte anos se foram desde que o vi pela última vez, sentadinho no banco da praça - pernas cruzadas, mãos apoiadas sobre a bengala e o olhar que se perdia ao longe. Dele ficou a saudade, mas também tantas letras, lembranças de seu jeito melancólico e gentil, de seus passos tímidos pelas ruas da Cidade Baixa. E há forma melhor para alegrar o coração do que um reencontro? "vinte (ver) QUINTANA", a Exposição.
Até 26 de setembro os gaúchos tem encontro marcado com seu Poetinha, pois Mário está em letras, cores e muitos sons na exposição no terceiro piso do shopping Praia de Belas. Fui encontrá-lo e foi um prazer, como sempre.
Já contei aqui no blog (veja), que o primeiro autógrafo que recebi em um livro foi dele, no Pé de Pilão, quando tinha 5 anos. Guardo meu exemplar, já um tanto surrado, com o maior carinho. E os poemas jamais me abandonaram, vivo a reencontrá-los.
A exposição é singela e, aparentemente, silenciosa como ele. Mas quem disse que por detrás daqueles olhos observadores tudo era silêncio? Quem pode medir o quanto barulhenta e inquieta pode ser a mente de um tímido? Não tenho dúvidas que a dele o era e, ao invés de sons, nos brindava com letras e rimas. E assim é a exposição em sua homenagem, silenciosa e barulhenta, simples e colorida, cheia de nuances.
No espaço estão expostos trechos de seus poemas, ao lado de trabalhos visuais elaborados a partir de seu trabalho. Os artistas convidados deram seus traços e cores aos sentimentos desencadeados pelas letras do poeta. Mas é um trabalho para os sentidos, ele precisa ser visto, lido e ouvido. Sim, Mário está ali, não só em letras, mas em sons.
O espaço é composto de várias estações, onde temos um poema, uma obra visual e fones para que possamos escutar, na voz suave dele, os poemas.
Uma pequena exposição para ser percorrida com tempo, sem pressa, para se deixar envolver.
Recomendo aqueles que desejam visitá-la, que façam o percurso completo, calmamente, pois o trabalho possui um sentido bastante especial, onde se consegue montar um principio, meio e final e de lá se sair leve, sereno.
Minha labirintite crônica me impediu de ouvi-lo em todas as estações, pulei algumas, dei preferência para textos pelos quais nutro maior carinho.
Ouvir Mário dizendo "Aqueles que ai estão, atravancando meu caminho, eles passarão, eu passarinho", foi o momento de maior emoção para mim - uma verdade eterna, não?
Ao final, há uma pequena biblioteca, com bancos e toda a obra dele a disposição daqueles que desejem dedicar mais alguns minutos para a leitura.
Gaúchos e visitantes, não esqueçam: "vinte (ver)", até 26/09/2014.
Amo, Mario Quintana!
ResponderExcluirSerá que vai ter no Rio?!
Acredito que não, Tati. É simples, mas tão gostosinha. Poderia ser itinerante, pois o custo acredito seja baixo, considerando o estilo. BjO!
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