Locanda Antico Casin: o pequeno Veneziano.

Não tinha muita vontade de passar por Veneza, mas o roteiro tem que agradar a dupla, não é mesmo? Cede daqui, cede dali e Veneza entrou no roteiro. Dias escolhidos, hora de procurar hospedagem. Não é tão simples quanto parece, pelo menos não em Veneza. 

Há muitas opções e muitas opiniões a respeito. Muitos se hospedam no entorno da Estação Santa Lucia, outros em Mestre - no continente e, tantos outros, pagam preços salgadissímos por hospedagem nas proximidades da Piazza de San Marcos. Como o critério localização pesa muito em minhas escolhas, resolvi pelo entorno da famosa praça e fui pesquisar preços. 

Num primeiro momento localizei o meio de transporte que usaríamos para chegarmos (vaporetto) e quais opções estariam mais próximas das estações, mais próximas da praça, etc. Localizei quatro, mas entre eles havia uma diferença impressionante de preços. Como seriam apenas duas diárias (as consequências de um erro sempre são minimizadas pela curta permanência), optei por um B&B - o Antico Casin. 

Alguns dias antes de partirmos recebi um simpático e-mail, em português, com todas as coordenadas para chegarmos com segurança ao local, com todas as possibilidades - partindo do aeroporto, da estação de trens, de carro, etc. No anexo, para complementar, vários mapas, com todas as marcações. Além disso, a senha de acesso e os telefones para emergências. 

Em todas as postagens que li sobre Veneza, sempre havia o alerta quanto a dificuldade de encontrar os hotéis que se situam mais no miolo da cidade, de como é fácil se perder pelas vielas e canais e, especialmente, de que não se deve chegar a noite. Pois bem, adivinhem que horas chegamos? As 22 horas, com o movimento de pessoas já bastante reduzido, numa noite fresca. Mas não tivemos nenhum problema em encontrarmos o hotel, foi fácil, fácil - com o mapa recebido em mãos, é claro. 

E o Antica fica numa viela a 50m da Piazza San Marco, que desemboca em um dos muitos canais. Uma casa transformada em pensão, com sistema de senha para ingresso do hóspede. Tranquilo. Já sabíamos que não possuía elevador, então optamos por deixar as malas na estação de trens e partir apenas com as mochilinhas. Foi nosso grande facilitador em Veneza, inclusive porque a minha conta com rodinhas.  

Sobre o balcão da recepção encontramos um envelope com meu nome, as chaves do quarto, um formulário de check-in e um para o café-da-manhã, onde apontamos a refeição preferida, o horário e o local onde desejávamos ser servidas. E tudo funcionou maravilhosamente bem. 

A suite era pequenininha, mas suficiente - quando da reserva não haviam mais as superiores e que contam com mais espaço interno, simpática e com móveis novos. Uma janela para a rua, um teto solar no pé direito alto, um banho gostoso. De resto, poucos metros para uma criatura espaçosa como eu. 

Há opção de ter o café-da-manhã servido no próprio quarto, ou no terraço. Como o tempo estava firme, embora fresco, optamos pelo terraço. Uma ótima escolha, local espaçoso, florido. Não sou muito ligada no café, porque normalmente tomo um copinho de suco e está ótimo, mas ele era gostosinho. Frutas? Essas compramos na fruteira, mesmo. No horário marcado a funcionária bate à porta e avisa que já está servido: simples e aconchegante. 

Só tivemos contato com a equipe na manhã seguinte, quando recebemos todas as informações turísticas possíveis, desenhadas uma-a-uma num mapa, um espetáculo. 

Ficamos muito pouco no hotel, só entramos para dormir, mesmo. Mas o conjunto foi suficiente, excelente localização, boa estrutura e sinal wi-fi pleno, para momentos de distração. 

Por ficar num beco, sem movimentação de pedestres, o silêncio regeu a estadia - pelo menos o noturno. Confesso, não há janela capaz de isolar as características batidas de venezianas logo ao amanhecer, momento em que você tem a impressão de estar na Serra Gaúcha, quando os moradores animadíssimos (não entendo como é permitido conversar antes das 10 horas da manhã) gritam, uns para os outros, "buon giorno"!!! Bom, preciso dizer que a Naiá sequer acordou? E quando acordou, perguntada, responde: "me sinto em casa"!! A gringuinha não nega a raça. 

E não dá para deixar passar em branco: no final da viela, a poucos metros do hotel, há um canal por onde passam uma infinidade de Gondolas, um verdadeiro congestionamento. Demos uma espiada quando estávamos deixando o hotel e fomos premiadas com muita música e alegria. Veneza e suas surpresas. 

Para quem abre mão da estrutura de um bom hotel, não se importa de subir dois lances de escadas e não possui muita bagagem, é uma opção de bom custo-beneficio. Ah, e o preço? 145€, a diária!