"Pelos Caminhos de Jorge"!

Ao pensarmos as férias de verão 2014, selecionamos alguns destinos em potencial, mas faltava algum elemento, um ingrediente para a decisão. Pois bem, acordei numa manhã de outubro com a razão para escolher a Bahia: percorrer os caminhos das histórias de Jorge Amado. 

Apesar do destino de verão ter que contar com praias, dessa feita foram coadjuvantes na escolha do roteiro por terras baianas. Não houve preocupação com as eventuais belezas dos destinos, a intenção passou a ser a de dar cores, aromas e sabores às letras de Jorge. E foi o que fizemos, ao longo de 12 dias. 

O roteiro ficou apertadinho, distribuído de Sul a Norte, de Norte a Sul. Nos perdemos em muitos quilômetros, em muitas curvas e nos deixamos surpreender.  

Andamos pelos caminhos de Tonico Bastos, dos Badarós, de Gabriela e de Tieta. Demos tons ao imaginário, retiramos das páginas de "Terras do Sem Fim", de "Gabriela, Cravo e Canela" e de "Tieta do Agreste" os personagens e os jogamos na Vida, nas ruas e nas areias da Bahia. De certa forma, nosso olhar desbravou caminhos que para nós já eram em parte conhecidos, imaginados. Das tocaias pelos caminhos entre Ilhéus e Itabuna, às areias dançantes por onde Tieta desfilou sua ousadia. Da Fundação Casa de Jorge Amado no Pelourinho, subindo a Mangue Seco e descendo a Ilhéus. De Norte a Sul, uma aventura medida em quilômetros e feita de muitas histórias, de felicidade e companheirismo. Histórias que povoarão essa Casa ao longo do tempo, na medida da inspiração, de forma que as muitas letras que por aqui chegarem tragam a emoção dos momentos vividos, das pequenas descobertas, da gente daquelas terras. Histórias nascidas de emoções, de cores e de muitos sabores.  

O roteiro teve por base Salvador. Num primeiro deslocamento seguimos em direção a Sergipe e nos hospedamos em Mangue Seco. Retornamos a Salvador, curtimos um pouquinho o Centro Histórico e descemos em direção a Ilhéus. Mas como eram férias de verão, encerramos a loucura nas águas de Trancoso, sob o Sol da Bahia. Uma passadinha em Salvador para um tchau e fim de férias! Poucos quilômetros, não??

Como imagino que dê para perceber, nossas andanças por terras baianas foram atípicas, com muitos quilômetros e muitas paradas, daqueles roteiros para fazer apenas uma vez. Vimos de tudo, da "Costa dos Coqueiros" a "Costa do Descobrimento". Fomos nós e o simpático Flintstones, o Fiesta alugado em nossa chegada em Salvador. Flintstones? Nome dado por não estarmos acostumadas a andar acompanhadas de um rapaz 1.0!! 

E o carrinho 0Km (sim, acreditem) foi devidamente amaciado pelas gaúchas. Olha aí o marcador, que não nos deixa mentir - 2.815Km:  

O que dizer das estradas baianas? Belas paisagens, diferenças regionais marcantes, sinalização educativa e muitos,  muitos buracos - de todos as formas e profundidades. Percorremos a BR 101 do Sergipe a Trancoso, além de diversas rodovias estaduais. Todas, absolutamente todas, com trechos precários, repletas de panelinhas, panelas e panelões. Apenas um detalhe em meio aos caminhos a percorrer. 

Adaptamos a frase mais ouvida por lá à nossa realidade: 

"Sorria, você trocou um pneu na Bahia"!!! 

Vale a pena colocar o carro para rodar? Vale, se você traçou um roteiro com diferenciais e se tens experiência em rodar pelas estradas. Senão, faça voos internos. As estradas não são duplicadas, há muitas e muitas lombadas e depressões, caminhões e malucos, é claro. Agora, a sinalização é boa, até mesmo dos absurdos - tipo: três casas e dois redutores de velocidade, no meio do nada. Decore a ordem, bastante educativa: uma placa de 60km/h é seguida de uma de 40 Km/h, 1, 2 ou 3 redutores e, quase sempre, um controlador de velocidade. Apreendeu? Cuidado com as variações, tais como lombadas dispersas e, eventualmente, sem sinalização. Mas como a Vida é surpreendente, às vezes, só às vezes, há uma lombada e dois controladores de velocidade. Então, se sua experiência é mais urbana e sua atenção também está em férias, nem tente!! Ah, velocidades de 120/140Km/h como vemos nas rodovias gaúchas? Esqueça e divirta-se quando o velocímetro bate nos 100Km/h - considere isso no cálculo de tempo dos deslocamentos. 

Vimos de tudo e tudo o que havíamos planejado. Além das belezas, trouxe comigo ares de liberdade, da importância do simples. 

Nos perdemos e nos achamos "Pelos Caminhos de Jorge"....