Gosto de me perder e me achar pelos caminhos, pela vida, pelas histórias, mas não pelas estradas. Quando digo que nos perdemos e nos achamos "Pelos Caminhos de Jorge", hora tem sentido figurado, hora tem sentido literal. No caso de Belmonte, o sentido é literal, mas foi encantador.
Depois de nossa parada em Porto Seguro, decidimos fazer parte do caminho até Salvador pelas rodoviais estaduais, para fugir da BR 101 enquanto fosse possível e para aproveitarmos outros ares, novas paisagens. A escolha se mostrou sensata, rodovias melhor conservadas e com um pequeno fluxo de veículos. E as paisagens são belíssimas, lindos e extensos coqueirais, águas azuis. E assim rodamos, rodamos, uma paradinha para um passeio de Balsa, mais um pouco de estrada. As praias agitadíssimas de Porto Seguro foram ficando para trás, os povoados foram espaçando, as casas foram desaparecendo e, do nada, só coqueiros, vacas, mais coqueiros e sempre o mar azul a nossa direita, majestoso.
Rodando, o ar condicionado bombando, musiquinha de fundo, boa conversa e apenas o GPS nos guiando, quando não ficava sem sinal, claro. Divertido, mas tão divertido, que deixamos passar nossa saída a esquerda e seguimos por mais alguns quilômetros - que falta fazem os mapas de papel, não? Mas foram poucos e surpreendentes quilômetros. Quando percebemos estávamos chegando em Belmonte: olha que bonitinha a placa! E a placa, além de nos alertar para o erro, causou aquela curiosidade, típica dos viajantes - quem aí não tem aquela coceirinha quando se depara com uma frase assim: "Cidade Genuína de Portugal"? A curiosidade nos fez seguir, doar àquele momento minutos que sabíamos que nos seriam preciosos quando a noite caísse e já estivéssemos na BR 101, saltando panelinhas. Seguimos, passamos por um conjunto mal conservado de residências, quase voltamos, mas alguns metros a frente as surpresas começaram a se mostrar, foram muitas, por muitas quadras e para finalizar o Rio, o Sol, um meio de tarde fantástico.
Belmonte foi um presente, uma cidadezinha linda em meio ao nada, pois de lá você só segue de barco ou, de carro, refazendo parte do caminho - o refizemos, felizes, encantadas com o pequeno recanto com ares portugueses encravado na Costa do Descobrimento, na Bahia.
O conjunto arquitetônico é fantástico e considerável, se observada as dimensões da cidade. Nem todos os prédios históricos se encontram preservados, em boas condições, mas há muitas unidades lindamente coloridas.
Uma parte do conjunto arquitetônico está em ruínas, mas de pé, com possibilidades de restauro, ainda. E essas edificações talvez sejam as mais bonitas, junto ao Rio, numa linda avenida arborizada. Um lugar apaixonante.
Pelas ruas moradores sem pressa, uma avó pescando com os netos, crianças brincando. Paramos para pedir uma informação e um senhor sequer parou de cantar, acho que pensou o que as loucas queriam lhe tirando daquela brisa enebriante. Um divertimento, um povo alegre e gentil que só!
Para quem tinha aproximadamente 750 Km para vencer naquele dia, aqueles quilômetros e aqueles minutos pareceriam, à primeira vista, um erro inescusável. Mas o que é inescusável na vida de um viajante? Só a perda de um momento e nós não o perdemos, ganhamos.
Para finalizar, preciso dizer que foi uma experiência
tão gostosa, que foi dificil achar tantos adjetivos para jogar nessas linhas.
Então, desculpem se alguns se repetem, porque eles são como as belezas do
lugar, que se repetem.
Rodando, o ar condicionado bombando, musiquinha de fundo, boa conversa e apenas o GPS nos guiando, quando não ficava sem sinal, claro. Divertido, mas tão divertido, que deixamos passar nossa saída a esquerda e seguimos por mais alguns quilômetros - que falta fazem os mapas de papel, não? Mas foram poucos e surpreendentes quilômetros. Quando percebemos estávamos chegando em Belmonte: olha que bonitinha a placa! E a placa, além de nos alertar para o erro, causou aquela curiosidade, típica dos viajantes - quem aí não tem aquela coceirinha quando se depara com uma frase assim: "Cidade Genuína de Portugal"? A curiosidade nos fez seguir, doar àquele momento minutos que sabíamos que nos seriam preciosos quando a noite caísse e já estivéssemos na BR 101, saltando panelinhas. Seguimos, passamos por um conjunto mal conservado de residências, quase voltamos, mas alguns metros a frente as surpresas começaram a se mostrar, foram muitas, por muitas quadras e para finalizar o Rio, o Sol, um meio de tarde fantástico.
Belmonte foi um presente, uma cidadezinha linda em meio ao nada, pois de lá você só segue de barco ou, de carro, refazendo parte do caminho - o refizemos, felizes, encantadas com o pequeno recanto com ares portugueses encravado na Costa do Descobrimento, na Bahia.
O conjunto arquitetônico é fantástico e considerável, se observada as dimensões da cidade. Nem todos os prédios históricos se encontram preservados, em boas condições, mas há muitas unidades lindamente coloridas.
Uma parte do conjunto arquitetônico está em ruínas, mas de pé, com possibilidades de restauro, ainda. E essas edificações talvez sejam as mais bonitas, junto ao Rio, numa linda avenida arborizada. Um lugar apaixonante.
Pelas ruas moradores sem pressa, uma avó pescando com os netos, crianças brincando. Paramos para pedir uma informação e um senhor sequer parou de cantar, acho que pensou o que as loucas queriam lhe tirando daquela brisa enebriante. Um divertimento, um povo alegre e gentil que só!
Para quem tinha aproximadamente 750 Km para vencer naquele dia, aqueles quilômetros e aqueles minutos pareceriam, à primeira vista, um erro inescusável. Mas o que é inescusável na vida de um viajante? Só a perda de um momento e nós não o perdemos, ganhamos.
Bom, mas que cidade é Belmonte,
afinal? Isso fui descobrir depois, lá pelo Dr. Google. E vejam como se
descobrem coisinhas interessantes com essa ferramenta. A pequena
Belmonte, não é tão pequena assim, tem mais de vinte mil habitantes (não é à toa
que vimos tantas crianças correndo por lá). Teve origem em um povoamento de
Padres Jesuítas que trabalharam com os índios Botocudos (habitantes originários
do local - sempre amei a expressão "Botocudos" e até a uso eventualmente), sendo alçada a categoria de povoado em 1764 e de cidade em 1891.
Colonizada por portugueses, preserva as características arquitetônicas da
época, tendo recebido o nome da cidade homônima onde nasceu Pedro Álvares
Cabral. E não é que a pequena cidade consta do mapa por uma razão mega
ecológica? É uma das quatro cidades no país com Mata Atlântida preservada e
onde ainda se encontram exemplares da árvore Buchenavia hoehneana!
Mas "que diabos é essa buchenavia ?", pensei eu. Bom, uma árvore verde,
pelo que consegui descobrir!!
Fora a brincadeira, restou da
experiência um gostinho especial, de tempo ganho, de vida que se desenha e se
colore, que se escolhe. Amamos!
Antes de encerrar esse texto,
pensei: será que não há na obra de Jorge nenhum personagem de Belmonte? E não é
que dizem que há, um tal de Miguel Turco, "árabe exaltado e secretário da Intendência de Belmonte"?! Mas foi só o que achei, não lembro
de tê-lo lido nas linhas de Jorge, mas ao que parece está em "Dona Flor e Seus Dois Maridos". Fica aqui a promessa de releitura da obra.
Que delícia! Que achado! É por essas e por outras que sempre que posso prefiro viajar de carro. A gente encontra muita coisa bonita e interessante nesse Brasilzão!
ResponderExcluirTambém amo rodar e sempre, sempre que possível rodamos pelas estradas. Não há forma melhor de conhecer o lugar e as pessoas, rodando e parando. Quando planejei, até minha companheira de aventuras disse que havia exagerado, mas depois, voltou tão maravilhada quanto eu. É daquelas aventuras únicas! Abraço, querido!!
ExcluirQue delícia de achado!
ResponderExcluirBonitinha, não? Flora, pena que não pudemos explorar como se deve, apenas circulamos um pouquinho!!! Abraços, querida!
ExcluirComo canta Chico César:"caminho se conhece andando"... ou rodando, no caso.
ResponderExcluirFiquei com invejinha do passeio incidental. ;-)
Você pode, querida! Verdade, gosto muito de rodar, parar, rodar. Abraços!!
ExcluirGosto muito dessas surpresas que a vida e os erros proporcionam. As vezes, tento deixar meus roteiros menos apertados, mas isso é muito difícil pra mim. Gosto de tudo muito bem planejado e executado!
ResponderExcluirEu planejo muito mais os dias e locais, mas não muito as atrações em si. Faço uma listinha do "imperdível", mas sem colocá-las em roteiros dia-a-dia e, confesso, normalmente esqueço de ler. E o resultado? Uma lista de ônus e bônus, sempre! Abraços!!
ExcluirIncrível o texto, sou moradora de Canavieiras, uma cidade bem próximo a Belmonte, de barco a viagem dura uns 40 minutos, pela estrada o tempo dobra. O passeio é lindo, indico na sua próxima passagem por Belmonte, a cidade onde eu moro também é histórica e a praia é linda. Você pode chegar em Canavieiras por Ilhéus também, 1 hora e 30 minutos de carro, a estrada é boa e bem sinalizada e se você procura bonitas paisagens esse é o local certo. Pesquise sobre Canavieiras na internet caso haja interesse. Beijos! Maravilhosa a sua descrição sobre Belmonte.
ResponderExcluirAnotadinho, adoro cantinhos charmosos e históricos. Obrigada pela visita! BjO!!!
ExcluirLendo seu texto e imaginando a peça que o Curupira pegou em vocês. Ele queria que conhecessem a linda cidade dele. Terra que é foz do Rio Jequitinhonha, que as águas morenas do mar beijam suas praias. Terra do Poeta Sosígenes Costa e seus "Sonetos Pavônicos". Gratidão, pelo carinho, respeito e beleza que descrevem minha terra amada e as descobertas de vocês. Quando quiserem voltar, Belmonte espera de braços abertos ofertando uma sombra embaixo da Buchenavia hoeneana e brindam a vocês com uma deliciosa água de coco.
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