A Fundação Pão dos Pobres, instituição Marista sediada no bairro Cidade Baixa em Porto Alegre, reúne nos prédios que ocupam aproximadamente um quarteirão da Rua da República, um Orfanato, uma Capela, a Igreja de Santo Antônio, as Escolas Pão dos Pobres e Mãe Admirável, além de diversas oficinas onde são ministrados cursos profissionalizantes e de onde os internos saem diretamente para o mercado de trabalho. Entidade secular, é tratada com carinho por todos, especialmente pelos moradores do bairro (no meu caso, ex-moradora), que lhe destinam doações que colaboram com a manutenção das importantes atividades ali desenvolvidas.
Situada em um dos vértices do bairro boêmio, enfrenta nos últimos anos toda a sorte de vandalismos, pichações e outros, que transformaram seus muros em amontoados de inscrições em forma de garatujas e sujeira. A antiga vitrine da Livraria, sempre cheia de livros e artigos (lindos) de papelaria, restou substituída por um tapume triste. Passar por ali deixou de ser agradável, até junho/2013.
Eleita para receber os trabalhos que se realizariam no 1º Festival de Arte Urbana "Aproximação", mais de 100 grafiteiros de vários Estados cobriram os muros da instituição de cor e beleza. O mutirão fez uso de aproximadamente 200 latas de spray e de mais de quatrocentos litros de tinta, mas muito mais que isso: deu Vida aquela área.
Os grafites lançados sobre aquelas imensas telas de concreto atraem os olhares dos moradores, frequentadores da região ou apenas passantes. Há sempre alguém apreciando os detalhes daqueles trabalhos, aproveitando a sombra dos Jacarandás.
As antigas paredes caiadas e sujas pelas pichações, deram lugar a um jogo sem fim de cores e de sentidos.
E eu? Não caminho mais por aquelas ruas, que milhares de vezes percorri ao longo da Vida. Hoje por lá passo de carro, abro o vidro para dar aquela espiada e curtir um pouco daquela beleza e sigo meu caminho. Mas ontem parei, desci aproveitando a tarde quente e seca e fui ver de perto os detalhes, fui em busca de significados para mim.
Os sentidos daqueles trabalhos devem nascer da observação, não há muito o que explicar, só viver aqueles traços e jogos de cores.
E a Casa Paroquial também ganhou novas cores:
Não tem preço a substituição de áreas sujas e abandonadas por Arte.
Nenhum comentário