"O Templo de Todos os Deuses", em Roma.


Roma é história dos ladrilhos aos monumentos. E são tantos os prédios, monumentos, igrejas, piazzas que parece difícil escolher entre tantas opções aquela que lhe marcou, que é mais sua, não? Sempre imaginei que no meu caso amaria o Coliseu, mas minha curiosidade e meu encantamento recaíram sobre o Pantheon - O Templo de Todos os Deuses. 


Deixei para conhecê-lo no último dia de viagem, após uma longa e espetacular caminhada, num final de manhã de outono, de temperatura amena. E chegando na Piazza della Rotonda, encontro o monumento mais bem preservado da Roma Antiga, ornado com imponentes colunas coríntias, convidativo. Uma olhadinha pelo entorno, uma verificada nos detalhes exteriores e lá fomos desbravar seu interior, tão rico em detalhes e sofisticação. 



Do desejo do arquiteto Marcus Agrippa foi construído para Júpiter. Praticamente destruído por um incêndio, é reconstruído com maior área pelo Imperador Adriano e por seu desejo é constituído politeísta - para agradar à todos os povos sob o domínio Romano. Nasce politeísta e dedicado a sete divindades planetárias (por isso a existência de sete altares), mas muita água pelas pontes do caminho e alguns séculos de história, torna-se templo católico, o que acreditam tenha o protegido em épocas difíceis e de tantas lutas. Recebeu, portanto, a proteção da Igreja Católica e manteve-se altivo e preservado, para nosso deleite. Hoje é consagrado a "Santa Maria e a Todos os Santos". 





Mas o que fez com que fosse alvo de meu encantamento? Os detalhes de sua construção, sua simetria (isso é tudo para um capricorniano), seu sistema de escoamento e tudo somado ao fato de ser um jovem senhor de pouco mais de dois mil anos. Claro que o fato de se encontrar preservado facilita toda essa análise, mas certamente não foi isso que o fez meu eleito. 




Para uma advogada apaixonada por arquitetura e história da arte, o Pantheon é um presente. De todos os detalhes, qual o mais significativo? Constante de todos os livros e de qualquer guia de viagens que se preze, a Rotonda é o grande destaque. A Grande Cúpula, feita em forma de hemisfério, impressiona pela precisão de suas medidas. Não disse que tinha um componente simétrico nisso tudo? Pois bem, o diâmetro mede 43,5cm (alguns referem 43,4cm), mesma medida de sua base até o chão - equilíbrio perfeito dos elementos. Como obter tal precisão há mais de dois mil anos numa construção de concreto natural? Sim, o concreto para sua construção, assim como se deu com muitos outros monumentos romanos, é o concreto natural obtido na região do Vulcão Vesúvio. 


Outros detalhes se somam, pois é um conjunto infinito deles que lhe dão tanta beleza. A majestosa e imponente cúpula possui uma abertura, um óculo que a inunda de luz natural. Logo, resolvido o problema da iluminação interna do Templo. Mas se a abertura superior permite a entrada da luz, não permitiria também a das águas das chuvas? Certamente. Como dar vazão a essas águas, então? Aí o meu detalhe preferido, a constatação de que mais que um Templo é uma engenhoca de um profissional muito competente, mas antes de tudo um sonhador - só um sonhador inspirado para conceber um projeto completo, do Sol as Águas. 


A entrada de luz pelo óculo possui nuances ao longo do dia, de acordo com a rotação da terra em relação ao Sol. Os fachos de luz se movem, de modo a iluminar toda a circunferência do Templo ao longo de um dia. 

Para que as águas escoassem, foi concebido um perfeito sistema de drenagem, de causar inveja aos profissionais de hoje. Com dutos que passam por baixo da construção, aliados a 22 pequenas fendas no chão convexo, faz com que as águas não inundem o interior do Templo. A drenagem do templo, que para algum desavisado poderia parecer obra do acaso, como se vê, é uma bela engenhoca humana. É um sistema de sofisticação ímpar. 



Os materiais utilizados em seu interior, mármores variados e granito, lhe dão um brilho e uma beleza inigualável. A fachada é formada por 16 colunas de granito. 


Seu interior conta ainda com alguns túmulos, como o do Rei Vitório Emanuel II e do pintor Rafael. Embora o país seja uma República, a Igreja permite que uma guarda Real faça as honras ao Rei, o que tem sido objeto de muitas criticas ao longo dos anos. 


No interior encontramos algumas pinturas, feitas já no século XVIII por Giovanni Panini e outros.  



Algumas esculturas:



Um conjunto belíssimo de colunas de sustentação: 


A Igreja Católica, por outro lado, não conservou o Templo de modo a manter suas características originais. Fizeram desaparecer, primeiramente, as esculturas de mármore que adornavam o interior, provavelmente por considerá-las profanas. Mais? Sim, foram retiradas quantidades significativas de bronze de seu interior, que fundidos deram origem ao Dosel da Basílica de São Pedro. 

O Templo possui entrada gratuita, estando aberto das 8h30min às 19h30min, salvo aos domingos, quando o horário é das 9 às 18h. 


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