Quando escrevi "Um dia de Outono no Pampa Gaúcho" o fiz num momento de absoluta inspiração. Saí para ver o Mundo naquela manhã, para ver o nascer de mais um dia, para caminhar e fotografar. Mas a medida que aquelas imagens se mostravam o texto surgia pronto, sendo anotado diretamente no bloco de notas do smartphone. E foi assim, caminhando, fotografando e anotando que o post chegou pronto ao blog.
Em momento algum aquele texto me inspirou à transformá-lo em uma série, pois ele é único e o segundo mais especial escrito no Mochilinha até agora, perdendo em coração apenas para o de comemoração ao nosso primeiro Aniversário - um fala de um lugar especial, de um momento de encantamento e o outro de pessoas que fizeram minha Vida mais especial no último ano (o engraçado é que eles não se referem às viagens, mas ao que elas nos trazem, por uma via ou outra). Mas essa mesma Vida está sempre a nos surpreender, não é mesmo? Fui surpreendida e deixo aqui nesse post meu relato de um final-de-semana especial.
Nem todos os lugares são abertos a visitação pública, assim como nossos corações e mentes. Alguns por não nos pertencerem e outros, exatamente por serem muito nossos. Pois bem, minha família me legou um Paraíso, cercado de muito verde e de todas as cores da tabela cromática representada em aves e flores. E é lá, nesse cantinho escondido entre Cerros em Caçapava do Sul que me reenergizo e de onde, às vezes, trago belas imagens para partilhar com vocês.
Na última sexta-feira rumei para a cidade que teve a maior nevasca registrada no Rio Grande do Sul nesse inverno, com a mala cheia de roupas quentes, mas com uma caixinha contendo duas novas lentes para meu Iphone - estava curiosa para testá-las. A máquina fotográfica, companheira de todas as horas, ficou em casa repousando. E São Pedro, sabedor de minha paixão pelo calor e pelo sol me presenteou com dias quentes e absolutamente ensolarados - com luzes e cores perfeitas para pôr em prática os testes de lentes.
Pelas imagens, nem preciso explicar que meu encontro com a nova lente 14x foi paixão, preciso? Único arrependimento: não ter adquirido de saída a 20x! Mas ela transformou meu pequeno equipamento falante numa bela câmera fotográfica, não?
Confesso que sem esses modelos vivos de nada valeria minha aquisição. Eles colaboraram muito, talvez mais pela curiosidade do que por entenderem o que uma maluca faz apontando aquele objeto para eles. Mas essa interação vem da certeza de segurança, de que são mais donos daqueles espaços do que nós, que os visitamos de tempos em tempos.
Com a lente angular, por sua vez, não rolou interação. Mas fica aí o melhor registro, das poucas tentativas empreendidas - ela não acopla com perfeição ao equipamento, foi ao chão algumas vezes, devo mesmo ter errado na escolha do modelo ao adquirir. O que acham dessa imagem?
Mais uma tentativa:
O surpreendente desses dias, entretanto, não estava nas novas lentes e nem nos lindos pássaros fotografados na sexta á tarde. Inclusive, esse casal de Cardeais faceiros vocês já conhecem, são moradores fixos do entorno da casa e estão sempre presentes nos registros fotográficos. Então o que pode ser tão surpreendente num lugar tão familiar? Apenas o Inusitado.
O inusitado aconteceu no sábado pela manhã - alguns de vocês já conhecem essa história! Ao abrir a porta de casa pela manhã para dar inicio as atividades do dia, encontro alguém dormindo sobre o capacho: um Veado Campeiro - animal selvagem e em risco de extinção no Estado, mas morador de nossas terras. Ainda tenho dúvidas de quem levou o maior susto, pois nossos olhos absolutamente arregalados se fixaram por breves instantes, até que ele fugiu rápido e saltitante (para não deixar rastros, como manda sua natureza). Que pena, um encontro raro e sem registros (pensei eu). De qualquer forma, mesmo que ele tivesse tardado a fugir, havia deixado o equipamento no quarto e não poderia fotografá-lo.
Antes de dar inicio aos trabalhos junto com nosso funcionário, lhe contei a história, que igualmente o surpreendeu: o que deu no pequeno para resolver se aconchegar junto a casa? Inexplicável.
Caminhando pelo entorno, já em atividade e passados pouco mais de dez minutos, sinto como se "alguém" me observasse. Mas naquele lugar, no meio do nada, isso é impossível. Tantos animais perambulam por lá que nem os percebo. Então, porque aquele sentimento? E lá estava a surpresa, o ainda mais inusitado. Levanto os olhos e lá estava o pequeno Veado em meio a vegetação me observando, atento - não me aproximei, pois após nossos olhos humanos se fixarem nos de animais selvagens e livres, caminhar é sinal de perigo e os fazem fugir. Então, fixados os olhares, restou o registro feito a uma certa distância, mas perfeito para eternizar aquele momento, que provavelmente seja único. A curiosidade daquele pequeno animal, que retornou para me espiar, nos proporcionou um novo encontro, um breve e inesquecível olhar.
Foi um presente, o dia seguiu alegre. Ao final do sábado, já sentada em frente a casa curtindo o final do dia, aproveitei para fotografar aqueles que vieram dar boa noite e aproveitar o pôr-do-sol comigo, companheiros.
O domingo seria um dia curtinho por lá, muitas atividades e muita estrada pela frente. Mas cedinho, resolvi dar apenas uma breve caminhada e fiz esse registro. A Lua não se cansou na noite amena, resolveu tardar no céu para curtir o calor do Sol.
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