Tem cidades que nos envolvem em definitivo. Jamais imaginei quando estive em Brasilia pela primeira vez que desejaria retornar sempre, pois sempre imagino isso de destinos praianos, não de uma cidade encravada no cerrado brasileiro. Mas foi paixão!
Retornei tantas vezes e tantas outras retornarei, mas sempre sem guias, sem mapas, só com olhos atentos. Nem mesmo na primeira vez tinha um roteiro, só sabia pontos que desejava conhecer e o resto foi ao acaso, rodando por seus eixos, por suas quadras tão organizadas, tão lógicas (me disseram que basta saber contar, mas meu senso desorganizado de direção às vezes me traí), tão belas.
A cada visita repasso alguns pontos turisticos, mas sempre os vejo com novas cores, novos sentidos, de acordo com meu momento, com a estação do ano ou apenas pelo sentido do vento. Sempre há um detalhe não percebido, não interpretado.
Desde minha primeira estada na cidade minha companheira de viagens me dizia que gostaria que eu conhecesse a primeira Igreja de Brasilia, que era um charme, mas ela não sabia o nome ou a localização. Jamais procuramos saber e a cada visita exploramos a cidade aleatoriamente, sem a pressa daquele que não retorna, pois temos a certeza de que estará sempre em nossos roteiros anuais. E assim foi nossa última visita, sem nenhum local marcado para visitarmos, somente o desejo de descobrir o novo, uma nova praça, uma nova obra de arte, um novo tom.
Quando já se aproximava a hora da partida, no dia 27/05, resolvemos dar uma última perambulada pela cidade, entramos em quadras novas, nos distraímos a observar os letreiros tão charmosos de bares e restaurantes e ao fazermos um retorno avistei uma pequena Igreja, desconhecida para mim. E lá estava ela, de uma combinação de azul e branco encantadora: Igreja de Nossa Senhora de Fátima, a primeira Igreja de Brasilia.
Tão surpreendente a arquitetura dessa encantadora Cidade. Você fala em primeira Igreja e logo imagina uma construção majestosa, imponente e, na verdade, se depara com uma pequena capela, simples como deveria ser a Vida, despojada.
Após alguns degraus se ergue ela, branca e no formato estilizado dos chapéus das Freiras pertencentes a Ordem dos Vicentinos. Considerando a cidade onde se encontra, a idéia na qual se baseia e o resultado do projeto, de quem poderia ser a obra? Claro, somente de Niemeyer.
Inaugurada em 1958, foi erguida a pedido de Dona Sarah Kubitschek. Apesar de ostentar o titulo de Igreja, é pequena, singela.
Seu exterior é inteiramente revestido com azulejos de Athos Bulcão, que simbolizam a Pomba da Paz e a Estrela da Natividade, com o predominio do azul.
No interior, alguns painéis e duas imagens, além de bancos para os fiéis e uma música suave ao fundo. Com portas de correr, se mostra aberta a seus visitantes e a cidade que a acolheu.
É linda, sua simplicidade é encantadora, apaixonante.
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