PITADAS DO RIO GRANDE: um dia de outono no Pampa Gaúcho.


A Vida se mostra àqueles que a percebem, àqueles que se permitem. Para tanto, muitas vezes, bastam olhos atentos. E foi nesse espírito que no último final de semana deixei que as cores e os sons invadissem minha Vida, num dia de outono. 

Num Cerro do Pampa Gaúcho, em Caçapava do Sul, saí para observar a natureza. Sem pressa, caminhando pelos campos e, por óbvio, com a câmera fotográfica em mãos. 


Naquelas terras, num dia típico de outono, o dia demora a se mostrar, começa tímido, em meio a cerração (neblina). O Minuano sopra ao fundo, fresco, na tentativa de dissipar a escuridão. 


Ainda que tardio, o Sol começa a iluminar o Mundo no horizonte, trazendo Luz aos olhos daqueles que esperam ávidos por seu calor.  Vai despontando aos poucos, vencendo a escuridão e a cerração, mostrando seus tons, seu brilho. 







Ao fundo uma sinfonia perturbadora de pássaros, de diversas espécies, de diversas cores. Nem todos permitem a eternização do momento - ando em luta com os Jacus, barulhentos e muito rápidos na fuga do alcance de minha lente (e são muitos). Pretos como a noite, se escondem pelos matos ao primeiro movimento - mesmo que tenham sido os responsáveis por acordar-me ainda de madrugada com sua alegria, esfuziante e sonora. 

Mas outros, menos tímidos, cantam felizes a chegada do Sol, enquanto aproveitam as laranjas doces e suculentas típicas do inverno gaúcho. O que dizer desses Cardeais? Lindos, hiperativos e coloridos. Entre uma bicada e outra nas laranjas, um canto de alegria. 




Já com essa família vivo em guerra - os Pica-Paus. Nossos idiomas, tão diferentes, não nos permitem o entendimento. Tento fazê-los entender, há anos, que podem fazer seus lindos buracos em todas as árvores que desejarem, mas que não devem comer nossa casa, já idosa, construída em 1940. Mas eles não se importam, adoram fazer lindos buracos na fachada frontal, para que eu os possa avistar de longe ao chegar, é claro. E lá vai mais um remendo, uma nova pintura e assim sucessivamente. Mas meu coração me impede de exterminar a simpática família, que só faz crescer. Mas dá uma olhada e me diz se não são umas figuras!  Primeiro você ouve o toc-toc. Daí resolve espiar e eles piam em desespero, avisando o restante da família que tem estranho na área...




Depois, fingem que não fizeram nada, ficam com o olhar distante. 


Se mostram distraídos, reunidos em família, mas basta você virar as costas para ouvir o insistente toc-toc. 


Agora se gostas do som da natureza, nada como encontrar uma turminha azul. Elas chegam em bandos e atacam as frutas que encontrarem, felizes. Daí ouvem um barulho, percebem um movimento e a gritaria começa, desesperada. Tens dúvidas de que estou falando das Gralhas Azuis? O barulho é ensurdecedor, mas são lindas. 




Mas se estás com vontade de interagir com uma super turma, deixa as caturritas chegarem... Simpaticíssimas, sempre em grandes grupos, animam qualquer um. Nessa época, o alimento é farto - sementes de cinamomo. Se fartam, penduradas aos galhos, em acrobacias divertidas. Voam de árvore em árvore, brincam, comem, se divertem. São de uma alegria contagiante. 





O dia passa, as cores mudam, ao leste se vê a Lua e a oeste a Luz, de um final de dia iluminado por um pôr-do-sol de cores quentes e fortes. 





6 comentários

  1. Que lindo post. Uma poesia ilustrada. Só tenho isso a dizer (ah, e parabéns!).

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  2. Lindas imagens, lindos comentários! Um passeio por um dia no Pampa Gaúcho.
    Abraços!
    Sonia

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  3. Maravilhosa sua postagem...parabéns...

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