Igreja da Pampulha: a beleza da simplicidade.

 
 
Perambulando numa tarde ensolarada de domingo por Belo Horizonte, aguardando o horário do voo que nos traria de volta para casa, aproveitamos para dar uma paradinha no caminho para o aeroporto, para conhecermos a Igreja da Pampulha.  

 
O complexo da Pampulha é maravilhoso, mas infelizmente não tínhamos tempo para explorá-lo, acabamos apenas rodando em seu entorno e dando uma parada na Igreja de São Francisco de Assis - Igreja da Pampulha.
 
Às margens da Lagoa da Pampulha, se mostra menos imponente e menos conservada do que esperávamos, mas mesmo assim é uma obra de grande beleza e um marco arquitetônico do modernismo brasileiro.
 
 

 
 
Com as portas cerradas, não se mostra acolhedora. Mas as visitas são permitidas, a partir de uma porta lateral onde há uma pequena loja de souvenires. Fotografias de seu interior são proibidas.
 
A construção se deu a partir da soma de conhecimentos de Niemeyer, Burle Marx e de Cândido Portinari - logo, possui elementos que posteriormente fizeram o nome desses três mestres. Ali se vê os primeiros traços que, aprimorados posteriormente, fariam a fama de Niemeyer. Mas ali ainda há forte influência barroca - utilização de arcos e abóbadas para sustentação de grandes vãos, mas em escalas menores do que as comuns nas famosas Igrejas Barrocas Mineiras - não há grandes lajes sobre pilares tão comuns nas obras posteriores. Em seu interior também percebemos elementos comuns aos templos tradicionais, como altar imponente, desnível do púlpito em relação aos fiéis e a grandiosidade do altar, nesse caso pelo uso de um grande painel de Portinari. Se a estrutura não era tão inovadora, o que deu à ela o ar moderno, contemporâneo? Certamente a mescla de talentos e preferências.
 
 
Ao mesclar um modernismo ainda incipiente de Niemeyer, com a releitura de Cândido Portinari da azulejaria comum as Igrejas Franciscanas e cercá-la por belos jardins de Burle Marx, se tornou um símbolo do modernismo ao ser inaugurada em 1943 - embora somente tenha sido consagrada enquanto Templo Católico em 1957. Houve resistência da Cúria Metropolitana em reconhecer aquela construção como capaz de manter a tradição católica. Mas você conhece as razões alegadas à época?
 
As curvas sinuosas permitidas pelo uso do concreto armado e a abóbada parabólica em concreto - embora releituras da arte barroca, até então somente eram utilizadas naquela conformação em hangares. E com essa alegação, de que a construção não passaria de um galpão colorido, somado ao fato da figura do lobo ter sido substituída pela de um cão no painel do altar, o então arcebispo Dom Cabral não permitiu sua consagração por quatorze anos.
 
A azulejaria é sem dúvida o maior diferencial da obra, o que lhe deu uma identidade única. O Templo é revestido externamente por azulejos, bem como faz uso em menor escala do material em seu interior, tanto como revestimento como em quadros.
 
 
Numa primeira olhada, o que mais se impõe internamente é o grande painel de São Franscisco de Assis no altar. Soma-se a isso o batistério, também de Portinari, junto aos painéis em bronze de Ceschiatti e a escada de concreto armado, sinuosa e apoiada apenas no coro e no piso térreo de Niemeyer.
 
 
 
Não é possível, entretanto, falar dela sem fazermos referência a uma das mais badaladas obras de Cândido Portinari - a Via Crúsis.
 
O conjunto da Igreja da Pampulha ainda hoje se mostra moderno, inovador, exatamente pela conjunção de esforços e de talentos, que fizeram daquela uma obra única. Visitá-la numa tarde ensolarada, às margens da bela lagoa, lhe deu uma luminosidade especial.
 
Apesar de tê-la achado menos conservada do que imaginava, com os azulejos exteriores bastante sujos e desgastados, há notícias de que a mesma passou por recente trabalho de conservação. O Templo é tombado pelo IPHAN.
 
 

5 comentários

  1. A Igrejinha de São Francisco é linda, mesmo. Sou suspeita, pq sou fã de carteirinha de Seu Oscar, mas a Pampulha é um dos espaços mais interessantes que conheço, no Brasil.

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    1. Fiquei em débito com BH, me devendo uma exploração da área da Pampulha, mas não dava mesmo. Porém, como tenho adiado uma visita às cidades históricas, acabarei encaixando. Mas também sou suspeita no que diz respeito ao Niemeyer!! Abraços,

      Paula

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  2. Ei Paula,
    Adoro a igrejinha! Mas sou suspeita para falar porque ela é cartão postal da minha cidade. :)
    Realmente ela está precisando de maior atenção. Inclusive essa semana falaram que já tem projeto para isso. Tomara que não demore!
    Abraços,
    Lillian.

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    1. Lilian, até o entorno está meio abandonado, problema comum as grandes cidades. Mas ela é bela e para mim, uma apaixonada, basta a beleza dos azulejos!! Abraços,

      Paula

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  3. Ainda não conheço BH, tou doido fazer um tour por lá!!!ehehhe..Muito linda essa Igreja, um show de arte e cultura..!!! abçs...dudu..

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