Estar em Portugal era a realização de um antigo sonho e a prova de grandes superações. Não tínhamos muitos dias, mas tínhamos inúmeros desejos e o roteiro ficou apertadinho. Chegamos num domingo e como às segundas-feiras muitas atrações não abrem ao público, deixamos o dia para agradecer pela Vida em Fátima.
Levei comigo um pequeno roteiro prévio, com as principais informações acerca de deslocamentos, para que não perdessemos tempo em busca de informações. Mas o deslocamento para Fátima nos pareceu simples, como o foi efetivamente.
Pegamos primeiramente o Metrô - linha azul e descemos na Estação Zoológico - Sete Rios. Ali, ao lado da estação se encontra o terminal de autocarros (rodoviária), um local simples, com uma pequena cafeteria. Compradas as passagens (ao custo de 11,50€), aguardamos apenas uns quinze minutinhos e já pegamos a estrada.
No momento da aquisição das passagens nos foi oferecida a compra casada, já com o retorno. Optamos por comprar apenas as passagens de ida, porque as de retorno deveriam ser compradas com horário determinado e não tínhamos certeza de quanto tempo permaneceríamos na cidade. Mas não tivemos qualquer problema para comprar as passagens no retorno, pois inclusive em dias de maior movimento há ônibus saindo com certa frequência.
O ônibus não se encontrava lotado, mas havia muitas freiras e uns poucos peregrinos. O trajeto é bastante interessante, pois é respeitado um limite constante de velocidade que permite observar a paisagem, as nuances entre Lisboa e o interior e um pouco do cotidiano da população. Observamos as novas construções fora da área histórica - área residencial especialmente, a produção agrícola e a proteção junto as rodovias para que os pedestres não coloquem em risco a vida ao tentar atravessá-la.
Ao chegarmos ao destino nos foi informado que o Santuário estaria há algumas quadras, trajeto facilmente vencido a pé. No caminho passamos por um pequeno centro comercial, vasto em artigos religiosos, mas deixamos as comprinhas para serem feitas ao final da visitação.
Chegamos ao Santuário, que se encontra ao final da rua, e já na entrada percebemos que seria uma experiência especial, mesmo para Católicas não praticantes. O local se abre a frente dos peregrinos de forma majestosa, num misto de simplicidade e suntuosidade, numa atmosfera totalmente ecumênica.
Estava em andamento uma Missa, acompanhada por algumas dezenas de fiéis, na antiga Capelinha. Na área livre, alguns pagadores de promessas faziam seu trajeto de joelhos na área apropriada, outros tantos acendiam velas no crematório.
Capelinha das Aparições
A maneira como se dá a aquisição das velas pelos peregrinos tem sua especificidade. As velas, acomodadas por tamanho em bandejas colocadas sobre tablados numa espécie de quiosque, ficam a venda sem qualquer controle. Junto as bandejas há pequenas placas informando o custo da aquisição e próximo há espécies de cofres onde os valores devem ser depositados pelos fiéis. É uma liberdade constrangedora, pois embora possível, não se vê ninguém deixando de efetuar o pagamento correto.
Caminhamos muito pelo Santuário, visitamos o interior da Basílica e da nova Igreja. Sentamos junto a antiga azinheira, fotografamos e rezamos.
O complexo é um local para a reflexão, há um clima propício a meditação, a introspecção. Mas é um local de muita beleza, para ser apreciado nos detalhes. Permanecemos no local algo em torno de três horas, mas para quem deseja conhecer mais a fundo o significado de cada construção, de cada imagem, considero recomendável reservar um dia inteiro, para que possa desfrutar dos ambientes com mais serenidade e atenção.
Mesmo em um dia de pouco fluxo de peregrinos, há muitas pessoas visitando o complexo, participando das missas e pagando promessas:
Há muitas construções formando o Santuário de Nossa Senhora de Fátima. Há o "Recinto de Orações", que é uma Igreja a céu aberto. Há a "Capelinha das Aparições", erguida onde se deram as aparições e onde diariamente são celebradas missas. "Monumento ao Sagrado Coração de Jesus", em bronze, a demonstrar a importância de Jesus nas aparições de Fátima. A "Capela de São José", a estátua de "Paulo VI", entre tantas outras construções.
As principais construções do complexo são a "Capelinha das Aparições" (inaugurada em 1919) e a "Basilica de Nossa Senhora do Rosário" (construída entre 1928/1953 e consagrada em 07/10/1953). A Capelinha foi construída no local das aparições, conforme pedido de Nossa Senhora: "quero que construam aqui uma capela em minha honra,...". Já a Basílica teve sua construção determinada a partir da necessidade da construção de um templo maior, capaz de receber os milhares de fiéis que passaram a peregrinar em direção à Fátima e seu nome foi inspirado na complementação da ordem de construção da Capelinha: "...que sou a Senhora do Rosário". Se a Capelinha foi construída onde houve as aparições, a Basílica foi erguida onde estavam Os Pastorinhos quando o relâmpago anunciou a primeira aparição. Como se vê o local é repleto de simbologia e misticismo.
O órgão é belíssimo:
Há "A Colunata", composta de 200 colunas e onde se encontram os quadros da via-sacra.
No lado oposto ao da Basílica de Nossa Senhora do Rosário, está situada a Igreja da Santíssima Trindade, inaugurada em 2007, já na intenção de acolher a infinidade de peregrinos que se dirigem ao complexo nas datas especiais. Possui capacidade para quase 9 mil pessoas sentadas, além de lugares para pessoas com mobilidade reduzida e de espaço para 100 religiosos. Ela evoca o "Anjo da Paz", desde seu pórtico. A porta principal é dedicada a Cristo. Os painéis ao lado da porta principal representam os vinte mistérios do Rosário. Os painíes de vidro são monumentos a Palavra de Deus. O Altar, em bloco único de pedra, possui a sua frente um fragmento de pedra do túmulo de São Pedro. A Igreja possui ao fundo um grande painel curvo, de muita beleza, medindo 500m2.
Como se percebe, o complexo por si só tem muitos ambientes a serem explorados e apreciados. Há um pouco de história em cada construção, em cada imagem e muito de simbolismo e de beleza em seu conjunto.
Na saída, junto ao Santuário, há uma feira de artigos religiosos. Visitamos as bancas e já fizemos nossas compras, pois ficamos com receio de nos deslocarmos até o centrinho comercial e termos que retornar em caso de não encontrarmos tudo o que desejavámos. Os preços variam, mas ao final é indiferente onde as compras foram feitas.
Meu maior desejo era a aquisição de imagens de Nossa Senhora de Fática Higroscópica, aquelas coloridas que fazem a previsão do tempo. Tenho uma em minha casa há alguns anos, adquirida em Porto Alegre por valores abusivos. Como desejava outra para nossa casa no interior, fui às compras. Adquiri várias por preços acessíveis, as levando de presente para familiares. No local também foi possível adquirir inúmeros rosarinhos com perfume de rosas, além de medalhinhas.
No pequeno centro comercial adquirimos lindos azulejos, além de outras miudezas.
Aproveitamos o adiantado da hora para almoçarmos. Haviam algumas opções junto ao Santuário, mas minha acompanhante havia avistado uma placa na chegada e resolvemos ir até o local, já no retorno a Rodoviária. Numa rua paralela a principal, encontramos o pequeno restaurante.
O Benfiquista, um restaurante pequeno e temático, com o interior absolutamente decorado com flâmulas e outros objetos que exaltam o time de futebol do Benfica. O desejo era o famoso bacalhau português, que ainda não haviamos experimentado. Pedimos o Bacalhau a Gomes de Sá e, enquanto esperávamos, foi servido á mesa pães com manteiga, azeitonas (menos curtidas do que estamos acostumados, um pouco azedinha) e "pastéis" de bacalhau (nossos bolinhos de bacalhau, mas à temperatura ambiente). O Bacalhau foi servido no prato, delicioso, mas o preço pago previa a possibilidade de repetir o prato sem custo adicional - o que não foi necessário. Embora tenha pedido Bacalhau em diversos restaurantes ao longo dos dias, esse foi sem dúvida o mais gostoso degustado em Portugal.
Onde está o terceiro que estava aqui? Desculpem, a fome impediu a foto!
Para quem deseja um passeio mais histórico, há a possibilidade de visitar a aldeia onde viviam "Os Pastorinhos", as crianças que testemunharam as aparições de Nossa Senhora - Lúcia, Francisco e Jacinta. Não fizemos tal passeio, deixamos para uma próxima oportunidade.
Visite também:
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Meus pais voltaram ontem de Portugal. Meu pai, especialmente ficou muito emocionado aí no Santuário de Fátima. Vou mandar este post para ele ler.
ResponderExcluirObrigada por compartilhar.
http://andancasdamarilia.blogspot.com
É um lugar muito lindo mesmo, tem uma atmosfera legal. Obrigada pela visita. Abraços,
ExcluirPaula
Oiee!! sempre que se fala em Portugal de cara lembro do meu pai..é um sonho que ele tem e sempre ele adia.. :/ espero que esse ano enfim ele consigarealizar seu sonho e nada atrapalhe a viagem dos meus pais pra lá..
ResponderExcluirBeijos e uma ótima semana pra vc!! :)
Torço para que consigam, pois é tão maravilhoso realizarmos sonhos, não é mesmo? Não sou muito religiosa, mas foi encantador ter estado lá, foi renovador. O tempo todo lembrava da minha avó (já falecida) e da minha mãe - é como se elas estivessem lá comigo. Obrigada pelas reiteradas visitas, é sempre uma alegria!! \o/ Abraços,
ExcluirPaula
Ei, curti a "carinha" nova do blog! ;)
ResponderExcluirBeijos,
Lidia.
Que legal, ontem foi dia de faxina (rsrsrs)!! Obrigadinha pela visita Lidia!! Abraços,
ExcluirPaula
Encantador. Lindas fotos. Um abraço da Jacira
ResponderExcluirObrigada!!
ExcluirPaula
Estive em Fátima há três anos, só mesmo para acompanhar minha mãe, aquele tipico passeio familia. Não queria ir. Cheguei meu desconfiado naquela pequena cidade, fiquei meio que parado ao lado da capelinha acompanhando uma missa que tava rolando e fui gostando do lugar. Todo mundo adora a Basilica, não é mesmo? Pois gostei mesmo foi da Igreja nova, aquele painel ao fundo (o da foto aí em cima) dá uma luz, uma paz muito grande. Acabou sendo um dia gostoso. Comemos num restaurante bem turistico, ao lado do portão de acesso, mas não estava bom. Então a dica do seu restaurante é muito válida mesmo. Um grande abraço. João
ResponderExcluirNós nem chegamos a pensar naqueles restaurantes do entorno, pois já na chegada minha acompanhante gostou da plaquinha do Benfiquista e é gostoso conhecer aqueles mais distantes das atrações, aprovamos mesmo. O restaurante é voltado para os moradores, que chegam por ali, batem um papo, bem interior. Abraços,
ExcluirPaula