BRASILIA: uma Catedral iluminada pelo Sol


Quando cheguei a Brasília pela primeira vez a Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida figurava no topo da minha lista de pontos turísticos. 

Mais conhecida por CATEDRAL DE BRASÍLIA, foi o primeiro monumento a ter a pedra fundamental lançada, em setembro de 1958.  Projetada por Oscar Niemayer e construída pelo Engenheiro Joaquim Cardozo, é formada por dezesseis colunas de concreto em formato hiperboloide. Sua estrutura ficou pronta em 1960, mas sua inauguração de fato somente se deu em maio de 1970. Seu projeto é cheio de simbolismos.

A Catedral pode ser observada desde que se adentra na Esplanada dos Ministérios. Junto à entrada, ainda na área externa, se encontram quatro estátuas em bronze com três metros de altura (esculturas de Alfredo Ceschiatti, com o auxilio de Dante Croce), Os Quatro Evangelistas – é uma visão majestosa que representa João, Lucas, Marcos e Mateus. O Campanário possui quatro grandes sinos doados pela Espanha, de tamanhos diversos e chamados de Santa Maria, Pinta, Nina e Pilarica – homenagem às caravelas de Cristóvão Colombo.  


Na frente do templo se encontram muitos ambulantes, que de forma desorganizada poluem a área, se utilizam da base das esculturas e das paredes e muros do entorno para disporem seus artigos para venda – santinhos, imagens de pontos históricos e outros souvenires. Próxima à área há uma feirinha mais organizada, com a venda apenas de flores secas e outros típicos do cerrado. A área externa se encontra mal cuidada, desorganizada, escondendo parte da beleza do local e dificultando que os turistas se locomovam e façam fotos.  Necessitaria de uma intervenção, com a realocação dos feirantes e a disposição de guias especializados que contribuíssem com a organização e que dessem informações aqueles que chegam para visitá-la.
 

Para entrar na Catedral se caminha por um túnel que leva a nave circular, um pouco abaixo do nível da rua - subsolo. Antes de adentrar em seu interior, o visitante passa por uma pequena área escura, chamada de zona de meditação. Ao final do pequeno corredor escuro o visitante tem uma visão luminosa, belíssima, proporcionada pelo colorido e luminosidade do sol nos vitrais que formam sua estrutura, em contraste com o piso de mármore branco. 

Pendem do alto três anjos, suspensos por cabos de aço. De tamanhos diversos, o maior pesa trezentos quilos e conta com 4,25 metros de comprimento. Tudo que envolve a catedral tem relação com o número quatro - quatro sinos, quatro evangelistas, dezesseis colunas de concreto. Porque conta com apenas três anjos? Há uma resposta popular para isso: o quarto Anjo é o da Guarda - invisível, mas sempre presente.
 
 
 

A cobertura é um imenso vitral formado por peças nas cores azul, verde, branco e marrom, de Marianne Peretti. Aqui vale um pouco de história: o projeto original contava com vidros transparentes, que permaneceram até a reforma em 1990, quando a modificação estudada e aprovada por Niemayer restou inaugurada. O ovo que se vê simboliza a Vida.


No altar de encontra uma réplica da imagem de Nossa Senhora Aparecida, uma vez que a original de encontra em Aparecida, São Paulo.  Também, o Cristo crucificado.
 
 


Em uma parede interna se encontra a via sacra, em quadros de Di Cavalcanti. Junto à entrada há um pilar com passagens da vida de Maria, pintadas por Athos Bulcão.
 


Encontramos também a réplica da Pietà de Michelangelo (que se encontra exposta na Basílica de São Pedro, em Roma). A mesma foi abençoada pelo Papa João Paulo II em visita a cidade em 1989.
 


Próximo a Pietà encontramos a escultura de São João Bosco, também em mármore branco, nomeado em 1962 o segundo Patrono de Brasília. A primeira imagem chegou e agosto de 2010, mas já restou substituida pela definitiva do artista Mauro Baldassani, de Turin. A substituição se deu em dezembro de 2011. Feita integralmente em mármore de carrara e pesando duas toneladas, possui esculpidas imagens que simbolizam os sonhos de Dom Bosco do lado direito e, do lado esquerdo, a Catedral entre os paralelos 15º e 20º graus. A mão direita do Santo aponta para a entrada, acolhendo quem adentra. A mão esquerda aponta para o altar, para Jesus Cristo na Eucaristia e para Nossa Senhora Aparecida, Padroeira de Brasília. Muito se fala dos sonhos de Dom Bosco, que em muito possuiam relação com o Brasil e com a Capital Federal: em 1883 referia ter sonhado com uma terra de muitas riquezas e que essa ficaria entre os paralelos 15 e 20 graus - onde hoje está situada Brasília. Assim dizia: "Aparecerá aqui a terra prometida: vai jorrar leite e mel. Será uma riqueza inconcebível".  

Atrás da coluna onde se encontra exposta a via sacra de Di Cavalcanti encontramos uma pequena loja de souvenires, mas que estava fechada nas três vezes em que lá estive.

Como já referi no post do Santuário de Dom Bosco, fui à Brasília para conhecer a Catedral, mas o Santuário roubou meu coração. A Catedral por sua vez é majestosa, belíssima, mas não possui aquele ar de introspecção propício para meditação. A movimentação de pessoas é intensa. Mas ela é luminosa, como a cidade.

Considero a Catedral de Brasília uma das obras arquitetônicas contemporâneas mais importantes do país. É uma visita imperdível. Acho que todos deveriam ter condições e o desejo de conhecer a Capital de seu país, especialmente uma cidade tão especial, sonhada e realizada por um apaixonado, seguido por um grupo de jovens profissionais competentes e surpreendentemente inovadores. A Catedral simboliza a realização desse sonho, do novo, do inesperado, de uma cidade moderna encravada no cerrado brasileiro, interiorizando e centralizando a Capital Federal.

4 comentários

  1. Oi de novo. Sabe que quando estive lá pela primeira vez e desci aquela rampa me deu uma coisa tão boa, tão sem explicação, que choerei tanto e tanto. Não sei explicar, mas foi uma emoção especial. Nunca mais voltei, mas guardo aquela sensação ótima, de algo mais, além desse plano. Que aura tem aquele lugar! Um beijo querida.
    Jacira

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  2. Oi Paula!
    Nossa, a Catedral é linda por dentro! Nunca fui pra Brasília, fato que entrou no roteiro pro dia em que nós formos!
    Valeu!

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  3. Não fui pra Brasília ainda, mas desde que fiz um trabalho na faculdade sobre a cidade tenho vontade de conhecer!

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    1. Sabe que eu tinha vontade de conhecê-la, mas jamais imaginei que me apaixonaria por ela como ocorreu. Pensava que era tipo "viu está visto", mas não, tenho retornado algumas vezes ao ano e sempre há mais o que ver. Sempre estou descobrindo detalhes novos, mesmo qdo revisito certos locais. A história é especial e isso contamina nossa visão de uma forma geral. Amo, já fui duas vezes esse ano! Vá, não se arrependerá.... Abraço!

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